Tuesday, January 29, 2008

Como os estrangeiros devem falar japones...

Domingo passado eu fui para Imizu, cidade proxima de Toyama, num festival organizado pelos Jet Programms que sao pessoas de varias nacionalidades que estao do Japao como professores de ingles ou trabalhando no governo da provincia como interpretes.

Apresentamos nosso glorioso forro, teve samba de gafieira e o grupo brasileiro "Batuca Ae" que tocou um pouco de tudo. Estava eu saboreando um feijao quentinho, no canto, quase imperceptivel, quando um homem me abordou:

"Voce eh brasileira?"
"Sim, sou."
"Gostaria de pedir uma ajuda sua..."

Ele eh enfermeiro, atende muitos pacientes brasileiros e deve sofrer bocados no hospital. Me deu uns papeis com umas 20 paginas. De inicio, nao sabia do que se tratava, as primeiras paginas eram frases de cotidiano e nao tive dificuldade de traduzir, mas minha hora de dancar tinha chegado e pedi que me esperasse para que pudessemos terminar depois, ele disse que estava com pressa e deixou as folhas comigo para que entregasse outro dia.

Cheguei em casa e fui dar uma olhada nos papeis, os termos tecnicos e frases deviam ter sido traduzidos em algum dicionario da internet. Me arrependi de ter pegado aquilo, fiquei na duvida se faria ou nao, faria numa boa, o porem eh que estou em semana de provas e achei que aquelas folhas me tomariam muito tempo enquanto eu poderia adiantar as minhas coisas da faculdade.

Falei com alguns amigos e um deles me disse para faze-lo, porem que esse servico fosse cobrado, o que com certeza aconteceria se ele entregasse a outra pessoa. Outro amigo me falou pra fazer, jah que eu havia prometido que faria e isso tambem se tornaria como pratica de japones para mim.

Acabei por fazer (sem cobrar) e nao me arrependo. Isso tomou algumas horas do dia, mas dei boas risadas. Imaginei que muitos dos estrangeiros devem escrever japones da mesma forma que o portugues foi traduzido naquelas folhas...

Pra voces se divertirem um pouco:
(a primeira frase eh como foi escrito e a segunda eh como a frase deveria ser traduzida)

Eu tenho um zumbido em minhas orelhas (sim, talvez seja uma abelha ou pernilongo te atormentando!) ---> Ouco zumbido

Eu posso pastar uma voz (vah voce pastar! que grosseria!) ---> Estou com a voz rouca

Ha um sinal de gravidez (eh, eh bom nao ignorar esse sinal!) ---> Ha suspeita/indicio de gravidez

Um estomago apoia (apoia onde? no esofago? no intestino? talvez caia se nao se apoiar...) ---> Estou com indigestao

Um pescoco/ombro eh elaborado (se for dois entao, elaboradissimo!) ---> O musculo do pescoco e dos ombros estao enrigecidos.

Ha muito numero de tempos do sanitario publico (serah q fizeram gol na prorrogacao? e os penaltis?) ---> Idas frequentes ao banheiro

As vezes mecamos pressao sanguinea (??? q dicionario eh esse? assassinaram a lingua portuguesa!) ---> Vamos aferir ("medir") a pressao sanguinea com frequencia.

Sangue puxando (com canudinho e tudo, como se fosse milk shake!) ---> coleta de sangue

A mao que eu vejo do vaso sanguineo (sim, o vaso tambem tem peh e flor) ---> vasos sanguineos visiveis

O senhor eh conhecido? (sou uma estrela! super famosa!) ---> O senhor consegue escutar?

Por favor suporte um arroto (um eu suporto, mas dois nao! nao solte gases pela cloaca tambem, isso jah eh falta de respeito!) ---> Por favor segure o arroto.

Sopre fora um estomago (dahhhhh! eh logico que vou soprar um soh neh? Nao tenho dois estomagos!) ---> Estufe a barriga

E o pior eh como comeca o questionario que nao tinha nada de errado, mas a sequencia estah engracada...

"Consulta medica
Vamos comecar a consulta
Tire a blusa e calca, por favor"

Sunday, January 27, 2008

Lugar de reflexao

Logo que cheguei, escrevi falando sobre o banheiro daqui e disse que postaria a foto depois, o que acabou se tornando lenda. Jah as tirei e voltei a escrever sobre isso tambem porque na sexta feira eu tive que falar sobre algo engracado na aula de psicologia. Pedi ideia para varios de meus amigos e acabei escolhendo a do Wagner, falando das dificuldades de um estrangeiro para usar o banheiro aqui.

Eu acho super pratico, ergonomico e higienico. A posicao facilita a saida de nossas necessidades e nao temos contato fisico com nada, podemos ateh dar descarga com o peh. Alguns gostam de fazer com calma e isso acaba causando desconforto nas pernas, geralmente sao os homens que nao gostam de usar o banheiro de estilo japones.



No comeco do ano fui pra Himeji, um lugar que recebe muitos turistas estrangeiros e acabei usando um banheiro publico por lah. Achei engracado o fato de ter uma foto explicativa de como usar:



Isso sem contar o banheiro tradicional que eh um verdadeiro robozinho com varios botoes, bide com agua quentinha jah acoplado, e o melhor, o assento esquenta, otimo para o inverno! E ainda ha varios que a descarga funciona atraves de sensores (que muitas vezes funcionam na hora errada tambem...)
Da outra vez que estive aqui no Japao e fiquei internada, apertei o botao para chamar a enfermeira pensando que era a descarga. Aff!

Friday, January 25, 2008

Compre um cafe e ganhe 10yens

Mais coisas da Japolandia!
Em Tokyo me deparei com um maquina que dah 10yens (pouco menos que U$0.10) se voce jogar o copo de papel depois de beber.

Ha duas maquinas, uma que tem as bebidas e a outra eh para devolver o copo e receber os 10yens. Voce compra a bebida e, depois de beber, na maquina de devolver copo tem compartimento especial caso sobre algum liquido ou gelo, coloca o copo de boca pra baixo e sai uma moedinha!

Tudo pelo meio ambiente!!!




Wednesday, January 23, 2008

modernidade

A falta de espaco aliado a modernidade.



A foto foi tirada em Osaka, mas ha varios desse tipo de estacionamento espalhados pelo Japao. Sao predios e dentro deles sao feitas gondolas, como se fosse uma roda gigante de carros, o circulo no chao roda, ou seja, o carro pode ser estacionado de frente e quando vai retira-lo, o circulo no chao se movimenta para que nao precise ser feita nenhuma manobra para tirar o carro da calcada! Coisa de louco nao?

Tuesday, January 22, 2008

O que esta escondido na marmita japonesa...

Eu preciso ir uma vez por semana no setor de Relacoes Exteriores do
Governo da Pronvincia de Toyama (Kencho) para dar as caras e mostrar o que eu tenho feito, dar satisfacoes para quem me sustenta aqui. Nesse semestre, estou indo as tercas-feiras pela manha que nao tenho aula, almoco e vou para a minha aulinha de frances.

Minha casa esta localizada entre o predio do Kencho, 10 minutos de bicicleta, e a faculdade, 40 minutos de onibus. Como preciso ficar no Kencho ateh meio dia e pegar o onibus para a faculdade a 1:30h, acabo nao tendo muito tempo (e paciencia!) para cozinhar e vou para o Yoshinoya, uma rede de fast food super barata e boa que existe por aqui.

Almocar lah me faz lembrar a cultura da alimentacao japonesa. Aqui se tem o costume de comer obento, analogamente, a marmita feita em casa. Em qualquer faculdade, fabrica ou escritorio eh comum levar o seu proprio obento, desde os operarios ateh o presidente da empresa. Para as mulheres solteiras, isso eh uma forma de mostrar que ela eh prendada, e talvez uma otima candidata a esposa. Para os homens que sao casados, demostra que tem uma boa esposa e alguem que o preza bastante dentro de casa. Ainda ha os solteiros que saibam cozinhar, mas me sinto um pouco incomodada quando vou ao Yoshinoya e me deparo com 99% da clientela do sexo masculino. Pessoas solteiras que jah sairam de casa, nao tem muito aptidao para cozinhar e acabam por lah. Um mercado bastante em ascensao, talvez mundial, solteiros que vivem sozinhos, pessoas com a faixa etaria mais produtiva, entre 25 e 35 anos que nao pensam em casar tao cedo assim ou talvez pensem, mas as mulheres japonesas hoje estao mais ousadas se comparado com o passado que, como no Brasil e muitos outros paises, o sexo feminino tinha que ficar exclusivamente cuidando de casa. Sim, o pais continua machista, mas diferente do Brasil, uma empregada domestica aqui eh privilegio para poucos (UMA hora de faxina chega a custar ¥3000 em Tokyo, o que equivale a quase 30 dolares) e nenhuma mulher quer ter trabalho de casa em dobro, esse talvez seja um dos motivos para o casamento cada vez mais tardio.

Eu almoco justamente na hora mais movimentada, entre meio dia e uma hora da tarde. O Yoshinoya daqui de Toyama eh formada por duas bancadas em formato de U em que cabem cerca de 40 pessoas ao todo que ficam replatas dos salarymen. Eh um lugar pra se comer muito rapido, nao eh um lugar para se bater papo com os amigos, e se o fizer, vao te olhar com cara feia ou talvez seja ateh expulso de forma delicada do estabelecimento. Fico ateh cansada soh de ver a garconete trazendo chas, fazendo pedidos e cobrando dos clientes. Sou uma pessoa que como relativamente rapido, ha varios deles que acho que nem mastigam direito, muitos chegam depois de mim e conseguem terminar de comer antes que eu esteja na metade da minha refeicao e assim voltam ao trabalho, como robozinhos. Esse eh o tradicional japones workholic.

Confira um pouco sobre yoshinoya tambem:
http://www.youtube.com/watch?v=HhbH0HEoG1s&feature=related

Sunday, January 20, 2008

Estamos indo de volta pra casa...

Falta pouco pra eu ir embora, estou com tantas provas, redacoes, relatorios, viagens e apresentacoes finais pra fazer que vai passar mais rapido ainda.

Esse foi o ano mais intenso da minha vida, conheci muita gente nova e que quero te-las perto sempre, nem que seja pela internet, nesses quase 9 meses vivenciei coisas que nunca tinha imaginado um dia vivenciar e com certeza muitas historias pra contar.

Ontem, voltando pra casa de mais uma viagem com amigos, me dei conta que isso tudo estah acabando. Passou num piscar de olhos, parece que foi ontem que eu estava arrumando as malas pra ir pro outro lado do mundo...

Lembrei de uma musica que representa muito bem tudo isso:

"Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu,
Tá tudo assim, tão diferente.
Se lembra quando agente chegou um dia acreditar
Que tudo era pra sempre, sem saber,
Que o pra sempre, sempre acaba
Mais nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguem, só penso em você (antes que alguem pergunte, nao eh ninguem em especial!...)
E aí então, estamos bem

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
Nem desistir nem tentar agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa"

Vou voltar pra casa e com excecao do fato das pessoas estarem um ano mais velhas, as coisas estarao do mesmo jeito que estavam quando parti. Eu eh que mudei, cresci (as bochechas e barriga principalmente. A altura nao, ela tende a diminuir!) e amadureci, agora estah na hora de colher os frutos.

Wednesday, January 16, 2008

Peso pesado

Do mercado de peixe para as pessoas que os comem!

No domingo cedo fui assistir a primeira luta de sumo do ano. Como era previsto, estava lotado. A bilheteria abriria as 8 e vinte, cheguei lah pouco depois de 7 e meia e jah tinha uma fila imensa.



Peguei o ingresso mais barato (¥2100, cerca de R$40) que soh eh vendido na hora e com disponibilidade de apenas 350 unidades. Os assentos mais proximos a arena chegam a custar cerca de U$600, que incluem almoco, alguns souvenirs e uma alta probabilidade do lutador cair em cima de voce. Nao peguei esse assento por dois motivos: primeiro que nao tenho cacife suficiente pra isso e segundo que quero voltar viva pro Brasil.

O bom desses assentos mais caros eh que eles tem almofada! Queria muito ter presenciado uma "zebra" pra poder jogar na arena! No dia seguinte, o famoso Asashoryu, perdeu para um lutador nao muito famoso e tomou uma chuva de almofadas!



O sumo eh uma luta que existe ha mais de 1500 anos e eh muito mais do que luta de pesos, sua origem eh religiosa e as primeiras lutas eram em forma de ritual dedicado aos deuses agradecendo a boa colheita. Ao decorrer dos anos foram formuladas regras e tecnicas desenvolvidas se transformando no que eh hoje.

Antes das lutas comecarem ha uma serie de cerimonias em que destaco o "Dohyo Iri" que ao pe da letra significa "entrada na arena" e eh composta somente pelos lutadores da categoria juryo que se subdivide em outras categorias. Eles se vestem com uma especie de avental (chamados de kesho-mawashi) que ganham das pessoas que dao suporte a ele ou pelo patrocinador, e caso o lutador queira fazer uma doacao e leiloa-lo chega a custar 2 milhoes de ienes, ou 20 mil dolares, isso quando nao sao feitos adornos com diamantes ou ouro que levam o preco ao ceu.



Diferente do que muitos pensam, os lutadores tem muita resistencia fisica, tem o corpo bastante maleavel, alguns conseguem abrir spaccato! Sao bem diferentes dos obesos morbidos. E fazem muito sucesso com as mulheres, maioria deles sao casados com modelos.



Embora seja uma luta tradicional japonesa, jah ha algum tempo foi invadida com sucesso por russos, bulgaros, mongois, coreanos e outras nacionalidades.







Os salarios dos lutadores em geral sao altissimos, tem bons patrocinios, sem contar com os patrocinios de cada luta que sao representados na foto abaixo pelos banner ao redor da arena. Cada banner paga no minimo U$1000, na ultima luta, a mais esperada do dia com o Kaiou, campeao da ultima temporada, havia 31 deles.



Diferente dos muitos gordinhos que reclamam da forma fisica que existem por ai, esses gordinhos que vos descrevi nao querem emagrecer por nada nesse mundo!

Eles ateh ganham Mc Donalds se vencem a luta do dia!



Foto no McDonalds perto da arena, "Sumo-san: Se voce vencer a luta, ganha o Value Set"

Confira o blog do camarada Drebes que assistiu sumo em Jan/2007: http://dorebesu.blogspot.com/2007/01/golpe-mtuo.html

Historia de Pescador

Final de semana que passou fui pra Tsukiji, onde se encontra o maior mercado de peixe do mundo. Meus amigos aqui de Toyama viviam cacoando de mim por causa dessa vontade de conhecer Tsukiji, acordar cedo e sentir odor de peixe nao eh turismo pra eles. Me senti no mercado municipal de Sao Paulo, mas com toques peculiares.

Ali naquele mesmo lugar, no primeiro leilao do ano, em que infelizmente nao pude presenciar, um atum foi leiloado a um chines por quase 60 mil dolares, cerca de 220 dolares por kilo, ou seja, quase 272 kilos num soh peixe. Eh possivel encontrar mais de 400 tipos de peixes e frutos do mar, de uma simples e barata sardinha a um extravagante e caro caviar, movimenta por ano cerca de 5.5 bilhoes de dolares e emprega direta ou indiretamente entre 60 e 65 mil pessoas.













Para poder ver o leilao eh preciso chegar muito cedo, quase de madrugada, como tinha ido de trem noturno de Toyama para Tokyo, consegui chegar lah as 5 e meia da manha e pude presenciar o leilao. O leiloeiro, em cima de uma caixa, gritava num japones incompreensivel, a sua frente estavam os compradores, usando bones com pequenas placas indicando qual estabelecimento representavam. Os sinais de lance eram muito discretos, imperceptiveis para leigos como eu.




Apos a compra, o transporte de peixe, um veiculo dificil de descrever, um volante largo, o motorista dirige em peh e atras dele uma especie de tabua para poder carregar as caixas de frutos do mar e peixes enormes. Um trafego intenso, turistas como eu sao um estorvo para eles. Os turistas sao tantos que existem entradas exclusivas para visitantes, souvenirs, informacoes e placas em ingles, e se for para estacao de trem mais proxima e encontrar algum estrangeiro, com certeza ele estah a procura do mercado de peixe, nao considerado ponto turistico pelos japoneses.











Sao historias verdadeiras de pescador! ou seriam verdadeiras historias de pescador?!

Onde tudo comecou: De Kobe para o mundo

Depois do ano novo, fui passear pela regiao de Osaka e Kobe. Falar de Kobe eh falar do terremoto em 1995 que devastou a cidade deixando mais de 5 mil mortos.


Parte do porto destruida com o terremoto que foi conservada no museu a ceu aberto que existe em Kobe.

Eu estava no Japao quando aconteceu o tremor e naquela manha embarcaria de Toyama para Okayama para visitar meu irmao que tambem estava aqui, Kobe eh no meio do caminho e todas as linhas de trem daquela regiao estavam interditadas. Uma viagem que era para durar 4 horas, durou 12. Eu e minha mae encontramos varias pessoas na estacao de trem que estavam somente com a roupa do corpo a caminho de casa de parentes e amigos para procurar abrigo.

Hoje, 12 anos depois, a cidade nem parece ter sido abalada pelo tremor. Jah se encontra totalmente reerguida depois do apoio e ajuda de milhoes de dolares do governo e outras provincias, continua recebendo visitantes de varios lugares que querem conhecer o porto de Kobe, uma das principais atracoes turisticas da cidade, que visualmente nao possui nada de especial no meu ponto de vista se nao fosse pela sua importancia historica.

Ha uma estatua de uma familia de emigrantes e embaixo dela escrito "De Kobe para o mundo" em ingles, japones, portugues e espanhol. Foi do porto de Kobe que se iniciou a emigracao japonesa para o Brasil e o mundo. De lah que embarcou Kasato Maru, o primeiro navio que chegou ao porto de Santos cem anos atras!




Museu da Paz

Tudo em Hiroshima eh da Paz: Museu, Praca, Monumento, Sino entre outras coisas mais.

Entrei no Museu e pelo preco (¥50, equivalente a pouco menos que R$1.00) nao imaginei que fosse aquele famoso internacionalmente, mas ele recebe tantos visitantes que deve suprir os custos que tem. Sao visitantes do mundo inteiro, por isso eh equipada com radios em varios idiomas que traduzem os principais pontos do museu.
A foto a seguir mostra o livro de visitantes do museu inaugurado em 1956: Cada livro consta de 600 a 700 assinaturas, em Marco de 2001 foram contabilizados 775 deles.



Tudo o que voce aprende nos livros estao lah de forma muito mais proxima. Tratado de Potsdam, Conferencia de Yalta, paises aliados e do eixo, assuntos que nao imaginei que veria de novo de forma tao detalhada.

Escrever sobre o museu daria um livro, entao vou escrever sobre coisas que considero merecer mais destaque. Gastei cerca de 3 horas lah dentro que nao foram suficientes pra ler e ver tudo como eu gostaria.

Uma das coisas que mais me chamou a atencao lah foram as cartas dos prefeitos de Hiroshima que foram enviadas desde 1968 para locais onde se fazem experimentos com armas nucleares apelando para que isso tenha um fim. Sao duas paredes frente e verso que tem cerca de 1.5 ou 2 vezes a minha altura e 3 vezes da minha largura.



Ha varios objetos pessoais das vitimas, replica do hall que ficou em peh depois da bomba, pequena parte da construcao de um predio em que se encontra sombra de um homem sentado:


Tijolo em que estah escrito "Familia Sato, Atsuko estah bem, Koniko estah morta, Pai, Tatsumi e Kazue estao desaparecidos" jah que nao havia forma de se comunicar, aquele foi o modo que encontraram para avisar sobre o estado dos conhecidos.



Relogios que pararam de funcionar na hora que a bomba foi jogada:



A maquete da cidade de Hiroshima antes e depois do ataque:




O museu foi construido num lugar estrategico onde eh possivel enxergar todo a Praca da Paz em que se encontra o Monumento da Paz e o A-Bomb Dome, suas pilastras significam a forca de vontade dos sobreviventes para reerguer a cidade e deixa-la atrativa e aconchegante como se encontra hoje.

(desculpem! a foto foi tirada errada! o A-Dome e Monumento da Paz se encontram do outro lado do predio!)


Wednesday, January 09, 2008

Museu das vitimas - relatos de remorso

Minhas pernas me guiavam nao sei pra onde, entrei num lugar que nem sabia onde era, nao sabia o que encontraria por lah e muito menos o que estava por vir. Acho que foi o faro jornalistico.

A cada sala uma surpresa, o Museu da Vitimas da Bomba Atomica, como diz o proprio nome, nao poderia faltar fotos das vitimas e tambem relato dos sobreviventes. Sao relatos de remorso dos sobreviventes que pensaram apenas nas proprias vidas e fingiram que nada ao redor estava acontecendo quando foram atingidos pela bomba.
Ha uma sala redonda dentro do Museu que mostra Hiroshima em 360 graus tendo como centro uma fonte de agua que tem o formato de 8:15, horario em que a cidade foi atingida e representando o Hospital onde a caiu a bomba, sua parede eh formada por 140 mil lajotas, quantidade aproximada do numero de mortos ateh o fim do ano de 1945.





Alem das fotos, ha audio e filme em forma de desenho contando historias de cada sobrevivente que sao trocados com periodicidade. Jah estava quase indo embora quando me deparei com um banquinho, nao resisti, ainda nao tinha almocado e nao havia visitado o Museu da Paz. Me deparei com o video e resolvi assistir enquanto descansava minhas pernas. Era a historia de um homem que havia encontrado a mae sob os escombros e nao conseguia resgata-la dali sozinho e muito menos pedir ajuda. Estava ficando cada vez mais aflito com o passar do tempo ao perceber que o fogo se aproximava da casa e morte estava cada vez mais perto de sua mae. Vendo que nao tinha mais chances de salva-la, decidiu que morreria junto, ela, por sua vez, dizia desesperadamente: "Se voce tem a possibilidade de fugir, entao fuja. Nao hesite em fugir! Nao quero que morra por minha causa!"

Ele fugiu da morte, nasceu de novo. Sua mae lhe concedera uma nova vida.

Sai de lah com os olhos mareados em direcao ao Museu da Paz.

Tuesday, January 08, 2008

A rosa hereditaria

A cupula da bomba atomica foi o primeiro lugar que visitei. Eh a unica construcao que se manteve em peh depois da bomba, era um hall vistoso utilizado para exibicoes de arte e eventos culturais na epoca que foi atingida. Sua cupula era de bronze (liga metalica que tem mais de 2 mil graus como ponto de ebulicao) e se desfez momentos depois do lancamento da bomba que dizem ter atingido a uma temperatura de 4mil graus Celsius. O alvo estava a 160 metros dali, numa ponte em formato de "T" a 600 metros de altura, mas que por um erro de calculo, fora atingida a 400 metros adiante da ponte em cima de um hospital(ultima foto).






Hospital onde a bomba fora atingida junto ao guia turistico voluntario Tomiaki Nagahara

Propagador de paz

Tomiaki Nagahara eh um nome que nao vou me esquecer tao facil, eh o nome do senhor que esta comigo na foto. Ele eh uma entre varias outras pessoas que se voluntariam como guias turisticos em Hiroshima para contar um pouco mais sobre o fatidico 06 de agosto de 1945. Penso que em foto alguma tirada em Hiroshima deve conter um sorriso, em respeito e memoria as pessoas que nela sofreram, mas estar com pessoas que de certa forma, presenciaram parte da historia da cidade e perdem seus preciosos tempos sem receber nenhum tostao, contando varias vezes a mesma coisa e guiando inumeros de desconhecidos, me fez sentir feliz. Nao consegui conversar com ele, achei que seria invasivo demais de minha parte perguntar sobre feridas que talvez ainda estivessem abertas. A unica informacao tive eh que seus pais foram vitimas da bomba e com certeza ele nao estava presente na cidade no momento da bomba, senao jah estaria morto. Mostrou fotos de sobreviventes que procuravam seus familiares, contou historia de uma enfermeira que nao estava na cidade e quando retornou depois da bomba, havia reconhecido um corpo junto a parede do predio apenas pela sua sombra (jah que o corpo havia evaporado)...historias e fotos que pareciam de filme.
A aparencia dele eh de uma pessoa triste e cansada dos infortunios que o Enola Gay trouxe em sua vida, mas ainda tem forcas suficientes para propagar a paz para aqueles que passam em Hiroshima.